PROJETO RAÍZES

Este estudo foi realizado em outubro de 2010 como parte do Projeto Raízes, desenvolvido em uma escola pública do município de Bom Jesus do Itabapoana - RJ, onde foi distribuído um questionário para 526 alunos que cursavam do 8º ano do ensino fundamental a 3º série do ensino médio, com o objetivo de analisar como é a visão destes jovens sobre o racismo.
Os resultados refletem que o preconceito faz parte do cotidiano destes alunos, apesar de não haver alcançado tal situação em sua profundidade, relatada em cada turma onde foram aplicados os questionários, por meninos e meninas que, tão cedo, vêm convivendo com tamanho absurdo.
O “racismo cordial”, que se manifesta em frases como “negro de alma branca”, leva muitos alunos a se dizerem brancos, como se pode observar nas respostas da primeira pergunta (Figura 1).
Estes jovens são muito conscientes de que as desigualdades não se restringem apenas à cor, mas também por sua situação socioeconômica, como se observa na figura 2.
Um número significativo afirmou não ser racista, enquanto alguns admitem que, em algumas situações, suas atitudes são discriminatórias.
Os alunos acreditam na existência do racismo, não possuindo a ilusão de que vivemos em uma democracia racial.
Muitos alunos já estão inseridos no mercado de trabalho formal e informal, o que os leva a conviver cotidianamente com indivíduos que não pertencem ao seu núcleo social. Assim, pode-se observar que um número expressivo convive com pessoas racistas, seja no trabalho, na vizinhança e até mesmo na própria escola.
Mesmo com uma maioria afirmando nunca ter sofrido nenhum preconceito racial, nas conversas com os alunos, foi possível perceber que alguns sofrem preconceito, mas não o entendem como tal, pois acabam considerando como natural determinadas atitudes.
Causa-nos indignação constatar que, desde muito cedo, pessoas negras passam por situações constrangedoras e discriminatórias apenas devido à cor de sua pele. Não é raro presenciarmos tais atitudes e grande parte dos alunos respondentes já presenciou, consigo ou com alguém próximo, atitudes racistas.
Para muitos alunos, existem alguns problemas na convivência entre negros e brancos no país, enquanto uma parcela significativa entende que existem muitos problemas nesta relação.
Ao final do questionário, foi solicitado que os alunos citassem situações que consideram discriminatórias. Grande parte relatou fatos acontecidos com a família ou com os próprios, tendo sido bastante recorrente a proibição de namorar com alguém branco, de frequentar a casa de amigos brancos, da dificuldade de conseguir emprego no comércio da cidade, sendo explicado que precisavam de alguém “de boa aparência”, de ser olhado com desconfiança ao frequentar o comércio ou mesmo bares.

Esta pesquisa não pretendeu concluir o óbvio, que o negro ainda sofre muito preconceito, mas fazer um levantamento sobre como os alunos encaram tal situação, servindo, assim, como ponto de partida para que ações sejam implementadas no cotidiano escolar, na busca de uma nova visão do mundo, de si mesmo e do outro, onde a identidade vá além da cor da pele.
C.E.P.M.
Maria Lucia Padilha

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A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO


Somos um grupo que possui como interesse comum a busca por conhecimento e que, graças à UFES, conseguiu se reunir no Curso de Formação em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça.

A título de apresentação, deixamos uma reflexão de Boaventura Sousa Santos, que vem ao encontro do nosso pensamento sobre a desigualdade de gênero e raça.

"Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza".




Grupo 02 - Polo de Bom Jesus do Norte-ES


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