Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!

Eu, você, nós...nós todos,
cheios de preconceitos,
fugindo como se eles carregassem lodo,
lodo na cor...
E, com petulância, arrogância,
afastando a pele irmã.

Mas,
estou pensando agora,
e quando chegar minha hora ?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã?
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
se eu chegasse lá e um porteiro manco,
como os aleijados que eu gozei, viesse abrir a porta,
e eu reparasse em sua vista torta, igual àquela que eu critiquei?
Se a sua mão tateasse pelo trinco,
como as mãos do cego que não ajudei ?
Se a porta rangesse, chorando os choros que provoquei ?
Se uma criança me tomasse pela mão,
criança como aquela que não embalei,
e me levasse por um corredor florido, colorido,
como as flores que eu jamais dei ?
Se eu sentisse o chão frio,
como o dos presídios que não visitei ?
Se eu visse as paredes caindo,
como as das creches e asilos que não ajudei ?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
corpos que eu não levantei
dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos,
que era vagabundagem, mas era fome?

Meu Deus !
Agora me assusta pronunciar seu nome .
E se mais para a frente a criança cobrisse o corpo nu,
da prostituta que eu usei,
ou do moribundo que não olhei,
ou da velha que não respeitei,
ou da mãe que não amei ?
Corpo de alguém exposto, jogado por minha causa,
porque não estendi a mão, porque no amor fiz pausa e dei,
sei lá, só dei desgosto?

E, no fim do corredor, o início da decepção .
Que raiva, que desespero,
se visse o mecânico, o operário, aquele vizinho,
o maldito funcionário, e até, até o padeiro,
todos sorrindo não sei de quê?
Ah! Sei sim, riem da minha decepção.

Deus não está vestido de ouro. Mas como?
Está num simples trono.
Simples como não fui, humilde como não sou.

Deus decepção .
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
sem aquela imponente classe.

Deus simples! Deus negro !
Deus negro?

E Eu...
Racista, egoísta. E agora ?
Na terra só persegui os pretos,
não aluguei casa, não apertei a mão.

Meu Deus você é negro, que desilusão!

Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão? Que nada .

Meu Deus você é negro, que decepção!

Não dei emprego, virei o rosto. E agora?
Será que vai me dar um canto, vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei?

Deus, eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim?
Por que se fez preto, preto como o engraxate,
aquele que expulsei da frente de casa?

Deus, pregaram você na cruz
e você me pregou uma peça.
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
e cheguei até a pensar em amor,

Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor.

Neimar de Barros

       Disponível em http://www.reflexãodevida.com.br/ 

BOM JESUS DO NORTE

Bom Jesus do Norte é um Município brasileiro do Estado do Espírito Santo, que tem como características geográficas uma área de 89.111km2 e sua população é de 9.479 habitantes, de acordo com o censo do IBGE do ano de 2010. Sua densidade é de 106,37 habitantes por Km2; possui uma altitude de 70 m e seu clima é tropical. O Município está localizado bem no meio de uma curva acentuada do leito do rio Itabapoana. Graças a esta peculiaridade, sofre anualmente com as enchentes, que inundam praticamente toda a cidade.
Neste sentido, em relação às políticas públicas de governo, pouco se faz para acabar ou amenizar a situação da população, que todos os anos têm suas casas inundadas e perdem os poucos bens materiais que possuem. O governo tem sua parcela de responsabilidade, mas a população de um modo em geral também é responsável, pois todos os tipos de lixo são jogados dentro do rio, causando desta forma o acúmulo de lixo em seu leito.
Outro fator que nos chama a atenção na pequena cidade é o fato de que o meio ambiente também sai prejudicado devido ao assoreamento do rio Itabapoana, causando a mortandade de peixes e de pequenos seres vivos que vivem às margens do rio. São fatos lamentáveis que ocorrem onde muitos moradores pescam para tirar os seus sustentos e as autoridades responsáveis nada fazem para salvar o único rio que corta as duas Bom Jesus.
Em relação à educação, está caminhando bem, mas muito ainda tem que se fazer. As escolas são bem organizadas, todas têm sala de informática equipada, material didático adequado, uma infra-estrura boa, apesar de não ter acessibilidade, convivemos com este problema para receber os cadeirantes. Além disso, temos um pólo da universidade aberta do Brasil, que tem uma parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo, o que muito nos ajuda na formação acadêmica da população carente do Município.
Os professores, orientadores, coordenadores e diretora estão sempre sendo capacitados e todos têm formação superior e pós-graduação.
A saúde também vem melhorando consideravelmente, contamos com projetos e eventos sobre a saúde da mulher, prevenção de doenças como câncer de mamas, de útero, doenças sexualmente transmissíveis, planejamento familiar, exames preventivos, agendamento de mamografia.
A habitação é precária em nosso município e muito tem que se fazer para atender as necessidades da população carente, pois a cidade não tem muito que oferecer em relação a
emprego, pois a população vive do comércio, da agricultura, da pecuária e do serviço público,
tendo as vezes que atravessar a ponte para buscar emprego na cidade vizinha de Bom Jesus do
Itabapoana, RJ.
Estamos atentos em cobrar dos nossos governantes mais benefícios para o município e que se faça uma política pública mais consistente que venha a atender a todos onde a nossa comunidade possa realmente usufruir de uma ótima qualidade de vida.
Sonia Maria Severino da Silva.

A POESIA QUE NOS UNE

Estamos vivendo em um tempo em que é difícil  estabelecer uma hierarquia para a educação, visto que, esta, hoje em dia se colocou como a “lixeira” da sociedade. Embora o termo aqui utilizado seja um tanto pejorativo, assim mesmo eu utilizo, pois infelizmente os padrões atuais deixam a desejar em relação a uma visão fundamentada no tradicional e nos costumes, onde uma nação quer apenas cidadãos com uma visão torpe, cidadãos que possam dizer apenas “amém” a tudo que esta através de seus dirigentes impõe. 
 Nossas leis defendem em qualquer caso, os direitos dos alunos “futuros cidadãos” e não delega dever algum aos mesmos, tornando assim, uma liberdade sem limites que acaba por se tornar “libertinagem”.
Vivemos em um país do preconceito, é a era da defesa do preconceito. Defender-se de  algo, não significa elevar este mesmo, ou seja, dar maior ênfase a ele, mas sim entrar com o antídoto de combate, visto que na área da saúde para se fazer um remédio, muitas vezes usa-se a própria bactéria causadora para reagir contra aquele mau. O que quero enfatizar é que para a educação existem leis que na verdade transformam-na em um ambiente oposto ao que se pretende como o caso do preconceito de forma geral, que de tanto se enfatizar acabou se tornando um tabu, sendo assim, a educação seria um lugar de promoção e bem estar bem, onde deveríamos praticar a cultura em suas diversas formas, mas desde que implicância entre colegas de escola e o uso de pseudônimos viraram bullying, desde que a merenda é um dever público e o aluno tem que estar na escola para encher a barriga, desde que o poder público passou a promover que o aluno tem que estar na escola e que esta escola tem que oferecer recursos didáticos, humanos e alimentar, nossa vida educacional alcançou tendência decrescente, assim não se precisa ir a escola para conhecer as diversas culturas, mas sim para receber apenas os bens materiais que o poder público através de leis tem a obrigação de disponibilizar para cada criança na escola, não é mais preciso respeitar as pessoas que trabalham lá na escola, ao contrário disto, é preciso que as pessoas que trabalham na escola(servente, merendeira, orientador pedagógico, coordenador, professor e diretor) respeitem a criança matriculada, pois todos os direitos são exclusivos para o aluno e como dono majoritário do direito acaba por não conhecer os deveres e desta forma chega até a escola para detonar com todo o patrimônio público e com todo o pessoal que trabalha nas mesmas, deixando a cultura e o conhecimento para outras gerações, se podemos trabalhar preconceito social, de gênero ou de raça para por um fim no próprio preconceito, por que trabalhamos o preconceito enfatizando-o, sempre procuramos mostrar a uma pessoa que ela é vitima de um preconceito e nunca procuramos mostrar que ela, de repente foi agraciada de um sublime gesto de carinho, porém ainda existem casos que realmente são fatores advindos do preconceito mas somos mediadores e não juízes e muitas vezes lavamos as mãos em momentos errados, pois o que não passaria de uma brincadeira, as vezes permitimos que vire causa judicial.
 Sabemos que no fundo é isto que nossas leis promovem pois estão aí e acabam por formar cidadãos que recalcados à própria sorte, com dificuldades de convivência social e até consigo mesmo, pois os alunos que fazem este tipo de jogo imposto por leis que foram criadas para “ajudar” o pobre, acabam por se tornarem monstros na sociedade, já que quem não tem dever, não tem limite, podemos enxergar esta realidade em diversos ambientes desta enorme nação e, não será o pedido de uma presidente em se fazer um minuto de silêncio por um leite derramado (ou em função do fato ocorrido, o sangue de muitos inocentes) que irá mudar o quadro negro em que se encontra a nossa educação, mas sim de outra forma quando pensarmos em formar realmente cidadãos para tomar posse deste país, aí sim o quadro negro será apenas uma metáfora em nossa sociedade.
Conhecer Ferreira Gullar, Maria Bethania, Camões e tantos outros mais, que em seu tempo sofreram com injustiças, perseguições políticas ou pessoais, por defenderem uma bandeira ora social, ora pessoal, só se faz pertinente se nossa Educação voltar a ser transformadora, voltar a inserir em sua estrutura os deveres que devem fazer parte da Educação Moral do ser humano, já que a família quer entregar esta educação para a total responsabilidade da escola, o que na verdade é a família o verdadeiro responsável.
                                                                                   Por Elizabeth Corrêa Ribeiro
(Fragmento do texto apresentado como exigência da disciplina Seminário de Práticas Educativas VI – Licenciatura em Pedagogia – UNIRIO – Primeiro semestre de 2011.)

JUVENTUDE NEGRA

2011 um ano de desafios e oportunidades para a juventude negra brasileira
O ano de 2011 foi definido pelo alto comissariado das Nações Unidas como o ano internacional dedicado as populações afrodescendentese o Brasil tem um papel de destaque neste processo que visa repensar as relações que o Estado e a sociedade como um todo tem se colocado na perspectivade apontar para uma dinâmica de reconciliação que passa pelo empenho na luta contra o racismo e na garantia da cidadania plena para a população negra de nosso país.
É tarefa de todos e todas garantir na esfera publica onecessário debate sobre o fim da invisibilidade e marginalização em que se encontram os negros e negras de nosso país quando nos é negado o direito a nossa história e a oportunidades de desenvolvimento humano que o processo perverso da escravidão nos negou e ainda nos dias atuais nos é negado.
Os processos de discussões com perspectiva a construirmos uma nova realidade que todos e todas buscamos, faz do ano de 2011 um ano importante para os afros descendentes em especial para a juventude negra brasileira que vislumbra uma serie de oportunidades e desafios que serão pautados a partir da nossa grande capacidade de mobilização e coesão política.
2011 será palco da realização de espaços estratégicos para organização da juventude negra brasileira onde serão discutidas reivindicações em prol do desafio de eliminarmos o racismo e qualquer forma de discriminação e intolerância que atinge a população negra.
Realizaremos este ano o III Encontro de Negros, Negras e Cotistas da UNE ENUNE, fórum este que vem se referenciando pela sua regularidade e grande capacidade de formulação em defesa das políticas de ações afirmativas para acesso da população afro descendente no ensino superior, esta que é umas das mais antigas pautas do movimento negro brasileiro e que compreende o processo de elitização da formação universitária que historicamente tem negado a população negra a sua inclusão.
Cabe ao movimento social a partir de sua intervenção direta propor ao poder publico que institucionalize políticas e programas que visam combater os efeitos perversos da discriminação sofrida pela juventude negra no ambiente escolar e ofereça condições iguais na oportunidade de ingresso e permanência no ensino superior.
Organizações juvenis que constroem a luta anti-racista e pela busca da promoção da igualdade racial de todo o país, neste momento estão construindo este que será o II Encontro Nacional de Juventude Negra enjunefruto da experiência exitosa do primeiro encontro que em 2008 reuniu jovens negros e negras a fim de denunciar a violência com a qual a nossa juventude é submetida cotidianamente nas periferias das cidades e no campo pelas mãos do aparelho de segurança do estado. Coube a este importante fórum também oferecera denuncia do processo sistemático de exclusão que nossa juventude vem sofrendo por parte do poder publico que insisti em não nos compreender como sujeitos de direitos mesmo diante de aviltantes indicadores que nos colocam a níveis profundamente desiguais em relação à juventude branca, sejam quanto às taxas de analfabetismo, no acirramento das desigualdades no mundo do trabalho, no crescente aumento da população carcerária entre outros.
O ENJUNE permitiu a juventude negra brasileira se sua auto-organizar e proporcionou a criação do Fórum Nacional de Juventude Negra FONAJUNE espaço de articulação com perspectiva de ação e intervenção social.
Para além de reivindicarmos as garantias de nossos direitos, também queremos ser parte integrante desse processo e a conferencia nacional de juventude convocada para este ano tem um papel central nesta construção de um novo patamar na relação entre o poder publico e a juventude negra.
As dinâmicas de conferencias permitem ao conjunto da população o desenvolvimento da consciência critica e participação no processo decisório, perspectiva esta que remete à cristalização dos direitos civis, políticos e sociais, caracterizando uma situação de inclusão e de pertencimento dos cidadãos à comunidade política.
É importante salientar que durante a Iª conferencia nacional de juventude foi incorporada como resolução central os encaminhamentos tirados no encontro nacional de juventude negra.
O ano de 2011 proporcionará importantes fóruns que nos permitirão pavimentar o caminho para a elaboração de políticas publicas que dialoguem com a realidade vivida hoje pela juventude negra e que seja fomento para erradicarmos indicadores que historicamente nos colocam em desvantagens materiais e políticas em relação ao conjunto da sociedade brasileira.
Caberá a juventude negra a partir de suas intervenções nestes diferentes espaços equacionarem a dupla perspectiva que nos colocam como demandante de políticas publica que visam a superação das desigualdades e a promoção da cidadania plena e agentes estratégicos no processo de desenvolvimento de uma sociedade plural e profundamente democrática.

Clédisson Júnior. Diretor de Combate ao Racismo da UNE e membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR/PR.
 Do site: Racismo Ambiental

ANTI-RACISMO

10 maneiras de contribuir para uma infância sem racismo.

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer.

3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.

4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente.
Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.

5. Não deixe de denunciar.  Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.

9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.

10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.

Campanha da UNICEF.

DESAFIANDO O RACISMO

Desafiando o Racismo após 123 anos de uma falsa abolição:
13 de maio, dia da denúncia contra ao Racismo: Denuncie!
 Quebrar o silêncio significa romper com esses conceitos elitistas e desumanos, bem como com as mazelas sociais que afligem a população negra por meio do desemprego, do subemprego, da falta de moradia, dos péssimos serviços de saúde e educação, da falta de oportunidades e do preconceito e discriminação racial em todos os níveis.
  Após 123 anos de uma abolição que não passou de um ato jurídico sem efeito prático, o povo negro brasileiro busca os caminhos para o enfrentamento da absurda desigualdade existente no país.
 Com a implantação da escravidão no Brasil a legislação não permitia que os negros freqüentassem as escolas. O saber sempre foi uma alavanca de ascensão social, econômica e política de um povo. Uma lei complementar à Constituição de 1824 permite aos racistas do Brasil encurralar a população negra nos porões da sociedade.
  Sem perspectiva nenhuma de vida livre e digna os ex-escravos após a assinatura da lei Áurea permaneciam nas fazendas, substituindo os escravos.
  A Lei do Ventre Livre de 1871, que ensinada até hoje nas escolas como prerrogativa importante para assinatura da Lei Áurea, dizia que: Toda criança que nascesse a partir daquela data nasceria livre.
 Esta lei separava as crianças de seus pais, desestruturando a família negra. O governo abriu uma casa para acolher estas crianças. De cada 100 que lá entravam, 80 morriam antes de completar 1 ano de idade.
   Foi inventada com o objetivo de tirar a obrigação dos senhores de fazendas de criar nossas crianças negras, pois, já com 12 anos de idade, poderiam sair para os quilombos à procura da liberdade negada nas senzalas. Com a determinação, surgiram os primeiros menores abandonados do Brasil.
  A juventude negra é o maior alvo da violência policial, da vulnerabilidade  social inacessibilidade ao primeiro emprego, ao ensino superior e aos serviços públicos.
  O racismo é uma chaga absurda e toda sociedade precisa ter a consciência de que só a denúncia e sua devida punição podem encerrar esse elemento histórico do Brasil.
 Mulheres Negras sofrem dupla discriminação, revela estudo do IPEA, apesar da redução da diferença de rendimentos entre homens e mulheres, negros e brancos, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad 2007, analisados no estudo "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça", mostram que as mulheres negras ainda sofrem uma dupla discriminação, que resulta em menores salários.
  Ainda, de acordo com o estudo, a diferença nos rendimentos é conseqüência das desigualdades educacionais, da segregação de mulheres e negros em postos de trabalho e da própria discriminação.
  Dia 13 de maio é o dia de lembrarmos que o dia a dia do povo negro é de luta,  por reparações históricas para a população negra brasileira, manutenção das cotas para negros nas Universidades, punição para os deputados Jair Bolsonaro e Marco Feliciano por quebra de decoro e crime de racismo, fim dos fóruns privilegiados para autoridades e policiais, fim do registro de resistência seguida de morte ou ato de resistência que, segundo as entidades, camuflam execuções sumárias, reforma agrária para romper definitivamente com o latifúndio.
  Precisamos intensificar as lutas e conscientizar as massas.
Por: Noelma Sandra

SESSÃO PIPOCA

Atlântico Negro – Na rota dos orixás
Direção: Renato Barbieri. 1998.


Este documentário apresenta um painel de escravatura no Brasil nos 350 anos que vão da primeira metade do século dezesseis à segunda metade do século dezenove. O filme, rodado no Brasil e em terras africanas, fala daqueles escravos que voltaram para a África depois da abolição, onde passaram a ser conhecidos como â os brasileiros â, cuja presença é marcante até hoje. Vários chefes tribais e historiadores de nomeada são entrevistados, destacando-se Alberto da Costa e Silva. Todos frisam a nescessidade de um diálogo cada vez mais estreito entre o Brasil e os países africanos com os quais ele tem afinidades históricas. O filme apresenta muitos aspectos das práticas religiosas, danças e festas seculares nos dois lados do Atlântico.
Na Rota dos Orixás apresenta a grande influência africana na religiosidade brasileira. Na fita, Renato Barbieri mostra a origem de as raízes da cultura jêje-nagô em terreiros de Salvador, que virou candomblé, e do Maranhão, onde a mesma influência gerou o Tambor de Minas.
Um dos momentos mais impressionantes deste documentário é o encontro de descendentes de escravos baianos que moram em Benin, um país africano desconhecido para a maioria do brasileiros, mantendo tradições do século passado.
Vista minha pele

Direção: Joel Zito Araújo. 2003.
Vista a Minha Pele” é uma divertida paródia da realidade brasileira. Serve de material básico para discussão sobre racismo e preconceito em sala-de-aula.Nesta história invertida, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Os países pobres são Alemanha e Inglaterra, enquanto os países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique. Maria é uma menina branca, pobre, que estuda num colégio particular graças à bolsa-de-estudo que tem pelo fatode sua mãe ser faxineira nesta escola. A maioria de seus colegas a hostilizam, por sua cor e por sua condição social, com exceção de sua amiga Luana, filha de um diplomata que, por ter morado em países pobres, possui uma visão mais abrangente da realidade.
Maria quer ser “Miss Festa Junina” da escola, mas isso requer um esforço enorme, que vai desde a superação do padrão de beleza imposto pela mídia, onde só o negro é valorizado, à resistência de seus pais, à aversão dos colegas e à dificuldade em vender os bilhetes para seus conhecidos, em sua maioria muito pobres. Maria tem em Luana uma forte aliada e as duas vão se envolver numa série de aventuras para alcançar seus objetivos. O centro da história não é o concurso, mas a disposição de Maria em enfrentar essa situação. Ao final ela descobre que, quanto mais confia em si mesma, mais capacidade terá de convencer outros de sua chance de vencer.

Sarafina: o som da liberdade
Direção: Darrel Roodt. 1992.
Em pleno Apartheid, num escola de Soweto, em que o exército patrulha de armas e as crianças gritam “Libertem Mandela”, uma professora ensina história de forma censurável fugindo ao currículo aprovado pelo regime. Sarafina é uma aluna negra que relata a história sobre a forma de uma carta dirigida a Nelson Mandela e que, como tantos outros adolescentes, sente-se revoltada em face das injustiças do sistema. Um sistema que as incentiva a estudarem para terem uma hipótese de vida, mas que nunca lhe explica declaradamente que não terão uma hipótese de igualdade social.

Amistad
Direção: Steven Spielberg. 1997.
Baseado numa história real, o filme conta a incrível viagem de africanos escravizados que se apoderam do navio onde estavam aprisionados e tentam retornar à sua adorada terra natal. Quando o navio, La Amistad, é capturado, os africanos são levados aos Estados Unidos, acusados de assassinato e aguardam sua sentença na prisão. Inicia-se então uma contundente batalha, que chama a atenção de todo o país, questionando a própria finalidade do sistema judicial americano. Mas para aqueles homens e mulheres sob Julgamento, é uma luta pelo direito maior do ser humano: a liberdade.

Um Grito de Liberdade
Direção: Richard Attenborough. 1987.
Nos anos 1970, na África do Sul do apartheid, Donald Woods é um jornalista branco que conhece e se torna amigo de Stephen Biko, o importante militante pelos direitos dos negros. Quando Biko é morto na prisão, em 1977, Woods percebe a necessidade de divulgar a história do ativista, a perseguição que sofreu, a violência contra os negros, a crueldade do regime do apartheid. Mas ele e sua família também se tornam alvos do racismo, e precisam deixar o país às pressas. Determinado a fazer ouvir a mensagem de Biko, Woods embarca numa perigosa aventura para escapar da África do Sul e divulgar ao mundo a impressionante história de coragem de Biko. A fascinante história mostra as facetas da humanidade nas suas vertentes mais terríveis e mais heróicas.

A Negação do Brasil - O Negro na Telenovela Brasileira
Direção: Joel Zito de Araújo. 2000.
Documentário sobre tabus, preconceitos e estereótipos raciais. Uma história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela o produto de maior audiência no horário nobre da TV brasileira. O diretor, baseado em suas memórias, e em fortes evidências fornecidas por pesquisas, analisa a influência das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.)

Kiriku e a Feiticeira
Direção: Michel Ocelot. 1998. 
Numa aldeia do Senegal, na África, Kiriku nasce para lutar contra Karabá, a feiticeira do mal. No decorrer da história Kiriku, embora pequeno, é de grande valor salvando a todos da aldeia. Uma história cheia de ensinamentos que atravessam os séculos. O filme permite o diálogo com diferentes aspectos culturais africanos. Desperta no telespectador infantil, a curiosidade por elementos despercebidos de seu cotidiano. Permite ainda, a discussão sobre estigmas e estereótipos em relação ao negro/a e a cultura africana. Estes elementos dialogam com os temas cooperação, solidariedade e respeito às diferenças.

POR UMA INFÂNCIA SEM RACISMO - UNICEF

SEREMOS IGUAIS QUANDO ENTENDERMOS O QUE É IGUALDADE

21.07.11 às 10h14  Atualizado em 21.07.11 às 10h15
Supermercado paga R$ 260 mil a criança que sofreu racismo
São Paulo - Um garoto de dez anos que acusou seguranças do Hipermercado Extra da Penha, na zona leste de São Paulo, de tê-lo chamado de "negrinho sujo e fedido" e de ter sido obrigado a tirar a roupa, foi indenizado em R$ 260 mil pela empresa. O caso ocorreu em 13 de janeiro.
Segundo o depoimento que prestou no 10º DP, o garoto foi abordado por três seguranças e levado para uma "sala reservada" com outros dois garotos, de 12 e 13 anos. Após as ofensas raciais, um segurança ameaçou agredi-los com uma "faquinha de cabo azul", com um tubo de papelão, e afirmou que ia "pegar um chicote". Os seguranças suspeitavam de furto. A criança não havia levado nada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Após as ameaças, o garoto foi obrigado a tirar a roupa e, só depois, os seguranças verificaram que ele levava uma nota fiscal de R$ 14,65, que comprovava a compra de dois pacotes de biscoito, dois pacotes de salgadinhos e um refrigerante. O documento foi anexado ao inquérito e é uma das principais provas contra os seguranças. Os funcionários envolvidos, segundo o Grupo Pão de Açúcar, foram demitidos.
A empresa ainda afirmou que "repudia qualquer ato discriminatório, pauta suas ações no respeito aos direitos humanos e esclarece que o assunto foi resolvido entre as partes". Com o acordo extrajudicial, a família do garoto abriu mão de representação por injúria racial, mas os seguranças do supermercado ainda podem responder por crimes como constrangimento ilegal (por terem submetido a criança a tirar a roupa) e privação de liberdade (por manter menores dentro de sala reservada).

 http://odia.terra.com.br/portal/brasil/html/2011/7/supermercado_pagar
_260_mila_crianca_que_sofreu_racismo_179228.html 

 O que é preconceito? 
Como o nome já diz é o pré-conceito,ou seja, uma opinião formada antes de se ter os conhecimentos adequados. Há inúmeros tipos de preconceito, mas abaixo estão os principais:
Preconceito Racial - É denominado de racismo e existe principalmente em relação à negros. No Brasil, surgiu com a escravidão e é muito presente até hoje, apesar de a escravidão ter sido abolida em 1888. Há também o racismo contra brancos, amarelos, vermelhos, pardos etc...
Preconceito a loiras- Quem nunca ouviu uma piadinha sobre loiras burras?
Preconceito Religioso - Hoje em dia, o maior exemplo deste preconceito são os conflitos no Oriente Médio. A luta entre judeus e islâmicos custa dezenas de vidas diariamente. Grupos extremistas no Iraque matam inocentes cruelmente somente porque são de outra religião.
Preconceito contra mulher - É denominado de machismo e existe por causa do antigo papel das mulheres como dona de casa. O machismo gera muita mágoa porque vários homens não reconhecem a capacidade das mulheres de fazerem algo diferente à costurar e cozinhar.
Preconceito quanto a classe social - Ricos discriminam pessoas de baixa classe social, com famosas frases do tipo"Isso é coisa de pobre..", ou vice-versa.
Preconceito contra pessoas de outra orientação sexual - Homossexuais e bisexuais são muito agredidos moralmente e até fisicamente só por não serem "iguais". É uma triste realidade, tanto que vários escondem sua preferência sexual.
Preconceito contra pessoas de outra nacionalidade - A maioria dos brasileiros critica os norte-americanos, apesar de estar sempre os imitando. Brasileiros sofrem de preconceito em outros países, assim como muitos estrangeiros são discriminados no Brasil. Precisamos aprender que nem todo português é burro e nem todo brasileiro é malandro.
É Interessante ressaltar que se pararmos para observar, muitas vezes nós mesmos que dizemos que não somos preconceituosos, temos algum tipo de atitude preconceituosa citada à cima. Como no caso de uma novela global em que a mãe diz que não tem preconceito contra homoxessual, mas quando descobriu que o filho é, mostrou-se desesperada.

SEREMOS IGUAIS QUANDO ENTENDERMOS O QUE É IGUALDADE

 
Define os crimes resultantes de discriminação e 
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

O Congresso Nacional decreta:

CAPÍTULO I
DA DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação e preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Discriminação resultante de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem
Art. 2º Negar, impedir, interromper, restringir, constranger ou dificultar, por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem, o gozo ou exercício de direito
assegurado a outra pessoa:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Aumento da pena
§ 1º A pena aumenta-se de um terço se a discriminação é praticada:
I – contra menor de dezoito anos;
II – por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercêlas;
III – contra o direito ao lazer, à educação e à saúde;
IV – contra a liberdade de consumo de bens e serviços.
Violência resultante de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem
§ 2º A pena aumenta-se de metade se a discriminação consiste na prática de:
I – lesões corporais (art. 129, caput, do Código Penal);
II – maus-tratos (art. 136, caput, do Código Penal);
III – ameaça (art. 147 do Código Penal);
IV – abuso de autoridade (arts. 3º e 4º da Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965).
Homicídio qualificado, lesões corporais de natureza grave e lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se o homicídio é praticado por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem, aplica-se a pena prevista no art. 121, § 2º, do Código Penal, sem prejuízo da competência do tribunal do júri; no caso de lesão corporal de natureza grave e de lesão corporal seguida de morte, aplicam-se, respectivamente, as penas previstas no art. 129, §§ 1º, 2º e 3º, do Código Penal, aumentadas de um terço.
Discriminação no mercado de trabalho
Art. 3º Deixar de contratar alguém ou dificultar sua contratação por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço se a discriminação se dá no acesso a cargos, funções e contratos da Administração Pública.
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem, durante o contrato de trabalho ou relação funcional, discrimina alguém por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Injúria resultante de preconceito de ração, cor, etnia, religião ou origem
Art. 4º Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, com a utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Apologia ao racismo
Art. 5º Difundir, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
§ 2º Se os crimes previstos no caput e no § 1º forem praticados por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, ou da rede mundial
de computadores – internet, a pena é aumentada de um terço.
Atentado contra a identidade étnica, religiosa ou regional
Art. 6º Atentar contra as manifestações culturais de reconhecido valor étnico, religioso ou regional, por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Associação criminosa
Art. 7º Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, sob denominação própria ou não, com o fim de cometer algum dos crimes previstos nesta Lei:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem financia ou de qualquer modo presta assistência à associação criminosa.
CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
 
Art. 8º Os crimes previstos nesta Lei são inafiançáveis e imprescritíveis, na forma do art. 5º, XLII, da Constituição Federal.
Art. 9º No crime previsto no art. 4º, somente se procede mediante representação do ofendido.
Art. 10. A concorrência de motivos diversos ao preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem não exclui a ilicitude dos crimes previstos nesta Lei.
Art. 11. Nas hipóteses dos arts. 5º e 7º, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas;
III – a suspensão das atividades da pessoa jurídica que servir de auxílio à associação criminosa.
Parágrafo único. Constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido e a dissolução da pessoa jurídica que servir de auxílio à associação criminosa.
Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 13. É revogada a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

O Particular da Vida

Por: Wosney Ramos de Souza



Que graça teria se todos fossem iguais? Já parou pra imaginar se todos nós gostássemos da cor preta? O mundo seria uma "coisa" sem graça e sem cor, não é mesmo? Esse é exatamente o detalhe que devemos pensar: todos os seres humanos são dotados da capacidade de expressar as suas vontades, desejos, sonhos e anseios.

Muito tem se falado na atualidade sobre em preservar a identidade negra, da valorização do profissional negro, etc. Mas o que é essa preservação? Qual o propósito, a finalidade de tal ação?

Como todos sabemos, o Brasil é um país que há muito tempo atrás viveu tempos onde a escravidão oprimiam os negros, causava dor e sofrimento à muitos. Hoje, percebe-se falar muito em "recuperar" o tempo perdido dos negros desde os tempos da escravatura. Bom, vamos pensar: se for pra recuperar o tempo perdido, não sei os outros negros, mas gostaria de "receber esse tempo" em forma monetária, com juros e correção monetária de preferência, porque isso sim ajudaria diretamente a minha vida. Com o dinheiro, poderíamos comprar casas boas, carros, motos, fazendas, etc(observem o plural). Mas o engraçado disso tudo, é que dessa maneira ninguém quer "ajudar". Todos batem na mesma tecla, nas mesmas discussões, rotulando a necessidade do "negro" em ser alavancado para uma universidade, por exemplo.

Não discuto que exista a discriminação, que existam a falta de oportunidades. Mas o que a nossa sociedade necessita enxergar é que as OPORTUNIDADES devem ser para TODOS. Como sociedade, devemos sempre pensar que somos seres diferentes, particulares dentro de sua realidade, mas que devemos conviver em unidade para sobrevivência de nossa espécie (biologicamente falando!).

Outro detalhe que devemos deixar para trás é a visão de fazer com que o negro, o branco, o asiático ou seja quem for, se ajuste às características que, até então, são conhecidas da sua raça, tais que visam agradar à uma minoria para "manter" viva a cultura. Quem faz a cultura são as próprias pessoas. Quem vive a cultura é a sociedade. Não cabe à sociedade ditar regras de manter ou não hábitos para fazer que a história se perpetue. Somos seres particulares em vontades e características culturais. Para tanto, devemos viver como tais, para que assim o mundo não caia na "mesmisse" onde todos vivem em seus mundinhos étnicos, se achando melhores ou piores que o outro.

Para complementar, cito um trecho de uma carta de uma mulher negra mostrando o seu ponto de vista sobre a vida "negra" no Brasil:


Uma visão negra a respeito da situação do negro no Brasil



A primeira vez que eu me lembro que senti o racismo foi aos 3 anos de idade, na escola, no dia em que minha mãe colocou uma banana em minha lancheira/merendeira e os coleguinhas ao me verem comendo me chamaram de macaca. Outras crianças também haviam levado banana, mas eram brancas, e branco comendo banana não é macaco.
Logo cedo aprendi que o preconceito vem de casa, só pode ser….
Na primeira série (hoje em dia nem sei dizer qual série, já que tudo mudou), quando tinha 7 anos de idade, fui convidada para participar da peça de final de ano, o meu papel seria o da Zazá, única negra que aparecia na cartilha que a escola utilizava, assim como eu era a única negra na minha sala.
Não participei da peça… Zazá era a doméstica…..
Na pre-adolescência estudando em Ipanema em escola particular (sempre estudei em escola particular) quando tinha algum curso ou aula extra depois do horário normal do colégio, tinha que comer em algum lugar, geralmente no McDonald’s e geralmente na hora de pedir ou pagar o caixa olhava desconfiado como se eu não tivesse dinheiro, algumas vezes perguntava a coleguinha branca se ela iria pagar.
Durante um tempo pensei que tivesse “cara de pobre”… não…. era a cor que carrego na pele …
Certa vez fui convidada a me retirar da sala de aula, quando perguntei porque apenas eu se havia um grupo de amigos rindo a resposta foi que eu estava sujando o ambiente.
A cor da minha pele não era limpa o suficiente…
Na pré-adolescência minha mãe nos ensinou uma dura lição, que na maioria das vezes não ia ter problema ser amiga(o) de brancos, alguns pais faziam mais perguntas e ficavam mais de olho na criança negra presente na casa, mas depois de um tempo via que não era pobre, não ia roubar nada e tudo bem.
Mas minha mãe também ensinou que para muitos ser amigo de seus filhos pode, entrar para a família não pode, não é opção, seja amiga do meu filho mas não namore o meu filho…
Minha amiga apaixonou-se por um negro na adolescência e ao contar para sua mãe, na minha presença, a mãe colocou as mãos na cabeça e disse: “Fulana, não faça isso… coitado dos seusfilhos”.
Pensei com meus botões: “coitada de mim?”
Uns 9 anos atrás, voltando de uma festa com o meu marido, estávamos em um táxi, fomos parados em uma blitz, a única que teve os pertences revistados fui eu, no final quando retornamos para dentro do táxi foi que me dei conta do ocorrido.
O taxista nos informou que haviam perguntado qual era da “morena”com o gringo, passei por prostituta, única e exclusivamente devido a cor que carrego na pele (meu marido é brasileiro)….
Trabalhei durante três anos em cia. aérea, viajava de primeira classe a todo momento, no Brasil, quando as pessoas entravam e me viam sentada na primeira classe com o meu marido, logo diziam em alto e bom tom:”Essa aí se deu bem”( nunca imaginavam que quem tinha as passagens era eu).
Na época em que começaram a ensinar na escola sobre a escravidão eu, sendo a única aluna negra na sala de aula, sempre me sentia mal, sempre sofria com os risinhos e brincadeirinhas, minha sorte foi ser “bocuda” e não levar desaforo para casa, mas por outro lado, confirmava o que muitos achavam “que negro é barraqueiro”, tinha de ser para sobreviver.
Na minha infância não havia bonecas negras no Brasil, todas eram brancas.Hoje em dia há bonecas negras no Brasil, mas admito que mesmo tentando comprar para dar de presente para crianças que conheço, a maioria das bonecas negras são feias, parece que feitas por obrigação, fora uma barbie que vi outro dia e parecia mais uma garota de programa.
A maioria dos negros sofrem diariamente com o racismo.
A maioria dos negros moram em condições de pobreza /ou miséria.
Dificilmente encontro um porteiro negro nos prédios que moro/morei ou frequento.
Dificilmente encontro vendedoras negras nas lojas nos Shoppings que frequento.
Geralmente os seguranças de prédios, shows, shoppings, etc, são negros.
Geralmente os meninos que fazendo malabares com limão no sinal de trânsito são negros.
Minha visão sobre as cotas? Da forma que foram feitas está errado, é necessário fazer algo e vamos ser sinceros e parar de falar apenas no ensino de base que deveria ser melhor, pois não será tao cedo e ninguém está afim de esperar mais 30 anos para a situação do negro no Brasil mudar.
O governo tinha que ter cursos preparatórios de pré-vestibular, gratuito específicos para jovens carentes, de preferência perto das comunidades onde moram. Simples assim, curso intensivo, preparatório para ingressarem na Universidade.
FONTE: http://30ealguns.com.br/2008/02/uma-visao-negra-a-respeito-da-situacao-do-negro-no-brasil/

A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO


Somos um grupo que possui como interesse comum a busca por conhecimento e que, graças à UFES, conseguiu se reunir no Curso de Formação em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça.

A título de apresentação, deixamos uma reflexão de Boaventura Sousa Santos, que vem ao encontro do nosso pensamento sobre a desigualdade de gênero e raça.

"Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza".




Grupo 02 - Polo de Bom Jesus do Norte-ES


SUA OPINIÃO FAZ A DIFERENÇA!