
CERIS
Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais
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Num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a mulher, em seu conjunto e com maior peso para as mais pobres, encontra-se ainda subordinada no processo produtivo além de ficar com a maior sobrecarga do trabalho doméstico, permanentemente desvalorizado. Em outras palavras, a desvalorização do trabalho produtivo feminino passa pela histórica desvalorização do chamado trabalho reprodutivo, aquele realizado exclusivamente pelas mulheres no âmbito doméstico, gerando uma visão distorcida e estereotipada do efetivo papel da mulher na esfera econômica, impossibilitando sua plena cidadania.
É reconhecidamente maior a participação da mulher no mercado de trabalho e, consequentemente, maior sua contribuição na geração de renda. Esse fato é no entanto ignorado e as barreiras culturais e legais impedem o acesso das mulheres à terra, ao capital e ao emprego, restringindo suas oportunidades econômicas.
Para uma ação transformadora das relações sociais de gênero no trabalho impõem-se, portanto, a necessidade de ampliação do próprio conceito de trabalho produtivo numa perspectiva de gênero, onde as atividades ditas reprodutivas também sejam devidamente consideradas como trabalho econômico-produtivo.
Enquanto não for reconhecida e valorizada a participação da mulher na esfera econômica, as políticas públicas continuarão sendo influenciadas por essa perspectiva desigual de gênero reforçando a exclusão das mulheres do acesso ao emprego, à participação em postos de direção, ao trabalho especializado e à remuneração.
Essa ruptura entre produção e reprodução, que é apenas uma das muitas questões presentes na relação gênero e trabalho, deve necessariamente ser considerada quando da construção e desenvolvimento de um plano de intervenção institucional a partir de uma abordagem transformadora de gênero.
Rio de Janeiro, junho de 1999
Texto disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/textos/generodh/gen_trab.html
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