TER CONSCIÊNCIA NEGRA



Através da execução de meu plano de ação em minha sala de aula pude compreender como as pequenas ações do dia-a-dia trazem em si uma grande barreira a quesito “preconceito” na vida das crianças de minha cidade, onde a maioria são crianças de classe social baixa, bem como a própria raça, cada um deles traz em si a mistura própria do brasileiro, portanto em minha classe atual, o 5º ano do Fundamental da Escola Municipal Cel. Antonio Honório, meus alunos na grande maioria são descendentes de negro, mesmo os que não tem a pigmentação da pele tão escura assim, mas traz em si as origens da raça africana.
Valeu o trabalho feito no mês de novembro com a finalidade de associar a festividade da “Consciência Negra” que acontece no dia 20 de novembro, resolvi executar o plano de ação envolvendo raça e então descobri como os próprios alunos carregam o preconceito e a cultura distorcida de uma raça escravizada que deu origem ao que são hoje, e nesta cultura simplista que estão enquadrados passam de geração em geração sem perceber e sem clamar por mudança, que vai além da transformação da classe social onde se encontram mas que na verdade esperam que as diferenças se transformem como se mágica existisse.
Descobri ainda que as origens onde a miscigenação em cada família acontece é que promove o preconceito desta forma: Uma branca que enfrentou família para se casar com um negro – Deu certo?  Deu. Mas com todos os problemas que teve que enfrentar por conta dessa escolha deixou em si as características de guerreira que está sempre disposta a derrubar as mesmas barreiras como se só existissem essas barreiras, ou se elas fosse se levantar novamente... daí encontrariam a guerreira a lutar novamente da mesma forma e é esta a cultura que passa de geração em geração como se pudessem prever que seus filhos teriam de passar pelos mesmos caminhos que eles passaram. Tentamos inserir em nosso trabalho uma maneira diferente de analisar a própria vida e ver que vivemos em um novo tempo e que a escravatura já está num passado muito distante.
Através de textos fáceis e leves, que dialogam com o interlocutor encaminhamos nosso trabalho  que nos deu grande esperança de um trabalho bem proposto pois o material a seguir foi produzido pelos alunos durante a execução do plano de ação. Foram poesias, textos em prosa, e até uma pequena peça teatral para trabalhar com fantoches.


Observe algumas poesias:           



            Aluno Thiago Bento  - 10 anos
Preconceito
Eu tenho um colega que gosta de futebol,
Ele é maneiro e também muito legal.
Este meu colega tem a pele escura
O pessoal implica e o chama de Dentadura.

O meu colega nem liga,
- Tenho orgulho de ser Negro!
É assim que ele revida, ele briga
-Por que não vão arrumar emprego?

Ele é muito legal
Por isto gosto dele
e também do seu futebol!!!


Larissa Lopes – 12 anos

Menino negro

Não gosto desse menino!
Ele é negro e muito feio.
Não vou brincar com ele,
Não sei por que ele veio!

Eu vou jogar bola com meu amigo
Gosto muito dele e me alegro
Meu amigo fica comigo
Eu não vou brincar com negro!
Preconceito é muito feio!
Foi o que mamãe me disse...
Mas eu não queria saber
Que o negro é uma pessoa
Para eu conviver!!!

            Nilo Lúcio – 11 anos  Texto em prosa

Preconceito
            Vamos falar de um assunto que não está com nada, o preconceito.
O preconceito é uma coisa feia, o preconceito é um horror, mas o fato é que tivemos um negro governador. Temos que banir o preconceito do meio do nosso povo, entender que somos todos irmãos, devemos lembra a nossa gente que existe também um negro presidente.

Verso
Você me chamou de preto
Mas eu sou um preto dengoso,
A pimenta-do-reino é preta
Mas faz um sabor gostoso.

             Larissa Barreto – 10 anos  -  texto para fantoches

Preconceito
Era uma vez dois amigos que se encontravam de manhã para conversar, então chegou um amigo e disse baixinho:
(Renato)
- Como uma pessoa pode ser tão preta assim?
(Lucas)
- Não fala dele assim??? Ele é meu AMIGO
(Renato)
- Hiiii!!!! Será que você não vê que ele é negão mesmo???
(Lucas)
- Sim eu vejo que ele é negro, mas vejo que ele também é gente como eu como você!!!
(Renato)
- Ah! Sai dessa! Ele não é nada!!!! É apenas um negão...
(entra o boneco negro no assunto)
( Paulinho)
- Ei amigos vamos brincar no campinho?
(Renato)
- Fim de papo! Vou embora
(Paulinho)
- Fim de papo por que estou apenas chamando para ir no campinho bater uma bola... O que eu fiz???]
(Renato)
- Aí amizade! Você é preto... entendeu?
(Lucas)
- Paulinho, Não fique triste, eu vou no campinho com você..
(Paulinho)
- Lucas! Eu sou negro mas sou criança como você e posso brincar como você, por que sou o mesmo que você o que é diferente é apenas a cor...

(Renato)
-Não vem não!!! você não é como eu...
(Paulinho)
- O que você acha que sou então???
(Renato)
- Você?  Você é apenas um pretinho que não serve pra nada...
(Paulinho)
- Renato, cuidado!!!! Você pode... morrer...
(Renato)
- Paulinho!!! Você me salvou!!! Por que fez isso?
(Paulinho)
- Você é muito importante para mim... você é meu amigo!
(Renato)
- Me perdoa eu estava enganado quando deixei o preconceito tomar conta de mim, nunca mais vou ter preconceito!
(Paulinho)
- Ei Renato, Lucas, vamos jogar bola agora!!!
(Lucas)
- Viu só o preconceito não ta com nada!!!



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Desta forma confeccionamos e formulamos todo o plano de ação e fizemos a culminância do projeto em 18/11/2011.
EMEF Cel. ANTONIO HONÓRIO - BOM JESUS DO NORTE- ES
Prof.  ELIZABETH CORRÊA RIBEIRO

"ALUNOS DA EMEF CEL ANTONIO HONÓRIO REPRESENTANDO A DANÇA AFRICANA":




SÔNIA MARIA SEVERINO DA SILVA.

"CULTURA AFRO-BRASILEIRA":

“Em cada povo africano, a criação plástica manifesta-se em todos os atos da vida e ultrapassa muito longamente o domínio tradicional das estátuas e máscaras para englobar os objetos decorados e esculpidos, os instrumentos de músicas, as armas e por fim as artes do corpo e as escarificações. O estilo de uma etnia é também a expressão de uma certa visão de mundo, tácita, inconsciente e espontânea, que conduz à criação de uma globalidade vívida, compreendida, apreciada ou temida por todos seus membros”.
Autor: Desconhecido.

 
 
“A arte africana desafia os que tentam defini-la. A criatividade é inspirada por uma terra de imagens, contrastes, que vão desde abundantes florestas tropicais as secas savanas, da extrema pobreza à extraordinários grandiosidade. Combina o óbvio com o sublime, o primitivo com o sofisticado, a tradição com o progresso.
Autor: Desconhecido.

A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO


Somos um grupo que possui como interesse comum a busca por conhecimento e que, graças à UFES, conseguiu se reunir no Curso de Formação em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça.

A título de apresentação, deixamos uma reflexão de Boaventura Sousa Santos, que vem ao encontro do nosso pensamento sobre a desigualdade de gênero e raça.

"Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza".




Grupo 02 - Polo de Bom Jesus do Norte-ES


SUA OPINIÃO FAZ A DIFERENÇA!